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47.Matemática na prática-v3-cap-10-m47

Do fundão da Ceilândia

Mais precisamente da Expansão do Setor O

Onde tiros, tiras, pó

Misturados dão um problema só

É de onde veio seu irmão Japão

Acreditando que a mente é a mais farta munição

Reféns da miséria, não

Essa sina pro meu povo, não (então)

Injustiças, ira, meu sangue sobe

Dia a dia esse jogo não há quem não jogue

Dino Black Mano Mix toca discos

Completando o time meu chegado GOG

Haha, acionaram de novo o gatilho

E o barulho ouvido deixou um pai sem seu filho

Ou um filho sem pai

A ordem dos fatores aqui tanto faz

Matemática na prática

Subtração feita de forma trágica

Onde a divisão é o resultado

E a adição são os problemas multiplicados

Conduzindo um ao cemitério, outro ao submundo

Minha voz é forte, sincera

Minha casa minha quebra considerada Riacho Fundo

GOG, chega ai sou da Ceí

E eu Riacho Fundo enfim

Todos da periferia juntos

Moleque, eu disse juntos

É serio

Todas as noite quando acordo olho o telhado do barraco

E junto as orações que faço

Imagino se o futuro fosse hoje

Seria complicado

Muito complicado

Minha mulher na beira do fogão, só cansaço

Meu filho, um moleque sem espaço

Eu a um passo do fracasso

Com um salário que se colocado no papel (ladrão)

Mal daria a cesta básica e o aluguel

Causa arrepios

Tudo isto é uma cadeia, uma grande teia, prepara a fuga

Sou meu próprio carcereiro e a chave minha conduta

Caneta e papel na mão sai o rascunho

O raciocínio comanda meu punho

Cenas fortes, sem cortes, sou testemunho

A matemática na prática é sádica

Reduziu meu povo a um zero à esquerda, mais nada

Uma equação complicadaonde a igualdade é desprezada

(A seguir cenas que nada tem a ver com conto de fadas)

Seu pai faxineiro lava banheiros

Salário mais gorjeta de terceiros

De quebra faz um bico revendendo jogos

Feitos numa lotérica

Sua mãe com mais de sessenta

Ainda trabalha de doméstica

E assim se completa a renda da família

Dois salários mais gorjeta, bico, aposentadoria

Somando tudo dá a certeza de lutar por melhores dias

É, sua velha anda cansada

A perna inchada cheia de varizes

Que dificultam a circulação sanguínea

Um braço forte lava, passa

Há mais de quinze anos sem carteira assinada

Alegria da criançada

Cozinha que é uma maravilha

Na casa do patrão, ela é a Dona Maria

Até hoje esquecem o nome dela

E Maria é como eles chamam a maioria

Uma velha que traz no coração duas feridas

Um filho aprontando e uma filha trabalhando

Em um puteiro de quinta categoria

Periferia é periferia

Relatos dramáticos, desejos trágicos

Meios violentos os mais usados

E o tão sonhado 100 por cento longe de se atingido

Traduzindo, eu disse traduzindo

Ontem pipocaram seu vizinho, roubaram sua mãe

Cena digna de cinema, desafio a lógica

O corpo ali, ham,sua velha sem poder reagir

Parecia querer desistir, mas filhos, netos

A fizeram prosseguir, já disse, vou repetir

Cara, acorda, olha nosso povo aqui

Nessa UTI

Louco pra sobreviver precisando de você, hein

Cadê você

Só bebe, fuma, injeta, não conversa

Qualquer ingrisia aperta

Apertou jogou deixou pra você tudo certo

A vida do outro na sua mão um objeto, e aí?

Mude seu conceito do que é ser esperto

Eram três pretos de favela nessa porra

Agora quatro

Se liga malandro no som pesado

Eram três pretos de favela, meu cumpadi

Agora quatro

Eram três pretos, meu cumpadi de favela

Agora quatro

Se liga malandro no som pesado

Eram três pretos de favela nessa porra

Agora quatro (4x)



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