16.Monólogo das grandezas do Brasil-v2-anexo-08-m16
Todo mundo sabe, todo mundo vê Que tenho sido amigo da ralé da minha rua Que bebe pra esquecer que a gente É fraca, é pobre, é vil Que dorme sob as luzes da avenida É humilhada e ofendida pelas grandezas do Brasil Que joga uma miséria na esportiva Só pensando em voltar viva Pro sertão de onde saiu
Todo mundo sabe Principalmente o bom Deus, que tudo vê Que os homens vão dizer que a vida é dura e incompleta Pra quem não fez a guerra e não quer vestibular Pra quem tem a carteira de terceira Pra quem não fez o serviço militar Pra quem amassa o pão da poesia Na limpeza e na alegria Contra o lixo nuclear
Como uma metrópole O meu coração não pode parar Mas também não pode sangrar eternamente
Tá faltando emprego Neste meu lugar Eu não tenho sossego Eu quero trabalhar Já pensei até em passar a fronteira
Eu vou pra São Paulo e Rio (eldorados do além-mar) A estrada é uma estrela pra quem vai andar Oh! Não, não! oh! Não, não!
Oh! Não, não! oh! Não, não! Ai! ai! que bom que é A lua branca, um cristão andando a pé! Ai! ai! que bom, que bom se eu for Pés no riacho, água fresca, nosso senhor!
Vou voltar pro norte
Semana que vem Deus já me deu sorte
Mas tem um porém Não me deu a grana
Pra eu pagar o trem
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