17.O trem-v3-anexo-10-m17
Assim que é
Sem proceder não para em pé
Realidade é muito triste
Mas é no subúrbio sujismundo
Submundo que persiste o crime
Pegar o trem é arriscado
Trabalhador não tem escolha
Então enfrenta aquele trem lotado
Não se sabe quem é quem, é assim
Pode ser ladrão ou não
Tudo bem se for pra mim
Se for polícia fique esperto, Zé
Pois a lei dá cobertura pra ele
Te socar, se quiser
O cheiro é mal de ponta a ponta
Mas assim mesmo normalmente
O que predomina é a maconha
E aos milhares de todos os tipos
De manhã, na neurose
Como que pode ter um dia lindo
Portas abertas mesmo correndo
Lotado até o teto sempre está
Meu irmão vai vendo
Não dá pra aguentar, sim
É o trem que é assim, já estive, eu sei, já estive
Muita atenção, essa é a verdade
Subúrbio pra morrer, vou dizer: é mole
Subúrbio para morrer, vou dizer (é mole)
E agora se liga, você pode crer (é pra gravar, tá?)
Todo cuidado não basta porque (é só um toque)
Subúrbio para morrer, vou dizer (é mole)
Confira de perto, é bom conhecer (é pra gravar, tá?)
E agora se liga, você pode crer (é só um toque)
Todo cuidado não basta porque (é mole)
Subúrbio para morrer, vou dizer
Todos os dias mesma gente
É sempre andando, viajando
Surfando, mais à mais não teme
Vários malucos, movimento quente
Vários moleques pra vender
Vem comprar, é aqui que vende
Quem diz que é surfista, é
Então fica de pé, boto mó fé, assim que é
Se cair, vai pro saco
Me lembro de um irmão, troço chato
Subia, descia por sobre o trem, sorria
Vinha da Barra Funda há dois anos todo dia
Em cima do trem com os manos surfistas
Assim chamados são popularmente
Se levantou e encostou naquele fio,
Tomou um choque
Mas tão forte que nem sentiu, foi às nuvens
Tá com Deus, mano Biro, sabe
Subúrbio pra morrer, vou dizer é mole
Subúrbio para morrer, vou dizer (é mole) ...
E eu peço a Oxalá e então
Sempre vai nos guardar
Dai-nos forças pra lutar, sei que vai precisar
No trem, meu bom, é assim, é o que é
Então centenas vão sentados e
Milhares vão em pé
E em todas as estações
Ali preste atenção nos PFs
O trem para, o povo entra e sai
Depois disso, o trem já se vai
Mas o que é isso? Esquisito
E várias vezes assisti
Trabalhador na porta tomando borrachadas
Marmitas amassadas, fardas, isso é lei?
Vejam vocês: são cães, só querem humilhar toda vez
Aconteceu o ano passado em Perus
Um maluco estava na paz, sem dever
Caminhava na linha sim, a uns cem metros
Dessa estação, preste atenção, repressão
Segundo testemunhas dali, ouvi
Foi na cara dura assassinado, pum, mas não foi divulgado
E ninguém está, não está, ninguém viu
As mortes na Estrada de Ferro Santos-Jundiaí
E ninguém tá nem aí, Osasco ou Itapevi,
Do Brás a Mogi ou Tamanduateí
É o trem que é assim, já estive, eu sei, já estive
Subúrbio pra morrer, vou dizer é mole
Subúrbio para morrer, vou dizer ...
Quando começo a pensar parece que vem o barulho na cabeça
Eu lembro dos manos que ficaram grudados nos fio
Que até hoje a indenização da ferroviária a família nunca viu
Ou senão dos mano que tem uma correria pra fazer
Precisa levar uma lata de leite todo dia de manhã
Cataram tudo sua mercadoria
E ainda se espanta? Mais no saldo desses filhos da puta dos PF
Aí mano, valeu?
Mas e aí! Ninguém tem peito de aço, não, mano
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