05.A guerra lá na Oropa-v1-cap4-m05
- Cumpadre?
- Quê?
- Vamo falá também, nóis da guerra um pouco?
- É, mas nós não pode falá mar.
- Mas nóis vai só falá bem
- É...
- Sapeca aí, sô!
A guerra tá lá na Oropa
E inté nóis tá atrapaiando
Que já bole inté na ropa
Do jeito que tá aumentando
Os home que têm negócio
Agora tão porveitando.
- Êh, Êh, é isso mermo, sô!
- É ...
Fiquei um dia inteirinho
Prestando beservação
(........) como hoje em dia
Nessa grande cavação
Agora vô contar tudo
No correr desse rojão
- Intão, vamu falá
- É ...
Tava na porta da venda
E vi chegá um intaliano
Com o preço do macarrão
Saiu logo esconjurando
Comprou uma pastachuta,
Porca a pipa e porca o cano
- Eh, Eh, Eh, Eh
- Ara, vejam só
Logo veio o português
Pra comprar seu bacalhau
Quando o home disse o preço
Ele inté curô do mal
Si essa guerra cá estivesse
Acabava com ela a pau
- Ara, veja só!
- Só a pau, mermo!
- Pois é!
Fui na loja do Bedula,
Ele deu sua sentença
Essa guerra do diabo
Tá esquentando a concorrência
Pra sarvar meu dinheirinho,
Vou dar mais uma falência
- Ô sentença boa, sô!
- Veja só!
Vi um pinguero na sarjeta
Bebendo que nem bugio
Preguntei o que era aquilo
Ele olhou pra mim e se riu
A pinga lembrô da guerra
E na cabeça me subiu
- É só discurpa dele, compadre!
- É ... veiaco!
Com a descurpa da guerra,
Tudo sobe sem parar
Lá na Oropa o canhão berra
E nóis tem que aguentar
Mesmo assim na nossa terra
Tá bem meior do que lá
- Ah, isso tá, mermo
- É ...
- Agora vamo falá de nóis, agora
Nóis também semo guerreiro,
Nóis também sabe lutá
As nossa arma de guerra
Pra mecêis eu vou conta
É confete e serpentina,
E a guerra é o carnavá.
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