Meu bem, se eu fosse presidente,
Certo, viverias contente.
Dar-te-ia uma linda casinha
Onde tu serias rainha.
Mas eu não sou nada no mundo,
Teu pai diz que eu sou vagabundo,
Tua mãe me chamou de perdido,
Porque eu quis ser o teu marido
Fosse eu presidente, nada acontecia.
Teu pai certamente que consentiria.
Tua mãe, estou crente, me achava bonzinho,
Fosse eu presidente como seu Julinho.
Eu vou te falar com franqueza
Não, não, gosto de trabalhar
Sou moço e com toda certeza
Não quero a saúde estragar
Meu bem, trabalhar mata a gente
E eu não nasci pra sofrer.
Meu bem, se eu fosse presidente,
Seu pai havia de querer
Fosse eu presidente, nada acontecia.
Teu pai certamente que consentiria.
Tua mãe, estou crente, me achava bonzinho,
Fosse eu presidente como seu Julinho.
Quando eles viram que o barbado não dormia, Deu-se a melódia na minoria. Antônio Carlos, quando entrar já não podia, Para os mineiros então dizia:
Harmonia, harmonia, Chamem o Getúlio, que é uma ducha de água fria. Harmonia, harmonia, Chamem o Getúlio, que é uma ducha de água fria.
Enquanto isso seu Getúlio já escrevia Tudo às avessas, Virgem Maria.
Escrita em turco aquela carta parecia, Nas entrelinhas é que se lia.
Harmonia, harmonia, Quero o Catete, mas fingi que não queria. Harmonia, harmonia, Quero o Catete, mas fingi que não queria.
Zé Bonifácio não perdeu inda a mania De que é o barbado da confraria. Toca pro pau, mas o paulista que o espia Lá bem de cima, baixo assobia.
Harmonia, harmonia, Quero São Paulo casadinho com a Bahia. Harmonia, harmonia, Quero São Paulo casadinho com a Bahia.
Eles pensavam que a pimenta não ardia E que seu Júlio não se mexia. Mas vendo Júlio com um bruta maioria Getúlio Vargas lhes repetia:
Harmonia, harmonia, Dezessete contra três é covardia. Harmonia, harmonia, Dezessete contra três é covardia.
Gaúcho, meu irmãozinho, Meu irmãozinho mineiro, Seu Julinho é que vai ser, Porque esse tal de Julinho É um caboclo brasileiro, Brasileiro como quê.
Tudo mais é gauchada, Tudo mais não vale nada. Meu irmãozinho gaúcho. Tu amarra a cavaiada, Vendo as coisas mal paradas, Não aguenta com o repuxo.
Getúlio, você tá comendo bola. Não se mete com Seu Júlio, Não se mete com Seu Júlio, Que seu Júlio tem escola. (bis)
Atrás do liberalismo, Ninguém vá nesse cinismo. É potoca, é brincadeira. Eu conheço muito tolo Que acabou levando bolo. E bateu na geladeira. Eles pensam, Seu Julinho, Que esse povo é um zé povinho, Que isso é pau de galinheiro; Que sem nota e sem carinho O Brasil anda sozinho Porque Deus é brasileiro.
Getúlio, você está comendo bola. Não se mete com Seu Júlio, Não se mete com Seu Júlio, Que seu Júlio tem escola. (bis)