“Neste Rio de Janeiro
Fez-se grande confusão
Com um cabo marinheiro
Fez uma revolução.
Era o chefe reclamante
Da maruja amotinada
Por eles o grito incessante
Era a Marinha revoltada
Houve grande correria
Todo o povo no receio
Por toda parte dizia
Vai haver um bombardeio
Durante aqueles três dias
De saída e amargor
Viu-se tudo em correria
Só dominava o terror
O comércio fecha a porta
Quando vê o caso sério
Ficando a cidade morta
Parecia um cemitério
De soldado e armamento
Nosso Rio de bloqueio
Só à espera do momento
Do falado bombardeio
Quem com a sorte não logra
Com o desgosto não espanta
Tive que aturar a sogra
Num ataque de demência
No chão atirou um cinzeiro
A contar agudos ‘ais’
Vou morrer no bombardeio
Do nosso Minas Gerais
Coisa rara ouvi da sogra
Com essa revolução
Imaginem uma cobra
Com receio de canhão
João Cândido de fama
Marujo de opinião
Mandou um radiograma
Para o chefe da Nação
E o nosso presidente
Ganhou logo simpatia
Um decreto baixa urgente
Concedendo anistia
Tudo volta a seus lugares
Já ninguém mais tem receio
Muito embora na cidade
Já não haja bombardeio
Tudo foi e acabou-se
Não há nada mais a temer
A revolta já findou-se
Vamos todos viver
Viva o povo, viva a Pátria
Do auriverde pendão
Viva os chefes da Armada
Viva o chefe da Nação.
O Brasil inteiro chora
De luto está o pavilhão
Com a morte inesperada
Do eminente barão
Dorme, meu grande Rio Branco
O sono da eternidade
Que tu foste da tua Pátria
O herói da liberdade
A morte do Rio Branco
Não foi só para os brasileiros
Foi sentida no universo,
E choram os estrangeiros
Dorme, meu grande Rio Branco...
O Barão do Rio Branco
Homem sempre imortal
Conquistou mais territórios
Para a bandeira nacional
Dorme, meu grande Rio Branco...
Todo brasileiro honrado
Os olhos enche de pranto
Quando tem recordação
Do nome do Rio Branco
Dorme, meu grande Rio Branco...
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(*) A Discografia Brasileira de 78 rpm registra como “cômico” o gênero de “A morte do Barão do Rio Branco”, acompanhando a informação que consta no disco. Trata-se evidentemente de um erro da gravadora.
Vestiu-se a Pátria de luto
Finou-se um grande luzeiro
O Barão de Rio Branco
Diplomata brasileiro
Chorai, minha Pátria amada,
O teu luto é de luzeiro
O sentinela avançada
Do pavilhão brasileiro
Na grandeza do saber
Teu limite não há
Demonstrou o nobre sonho
No caso do Amapá
Na luta sempre gritava
Ao nobre inimigo audaz
Por isso o mundo o chamava
O mensageiro da paz.