Vem comigo, mulata,
Mulata, meu bem, embarca.
Vem comigo, mulata,
Mulata, meu bem, embarca.
Vamos lá pro Ceará
Vamos ver os oligarcas
Vamos lá pro Ceará
Vamos ver os oligarcas
Vem, vem, vem
Minha gente, meu bem, embarque
Vem, vem, vem
Minha gente, meu bem, embarque
Vamos ver o grande homem
Que tem grande cavanhaque
Que cavanhaque sedoso
Que cavanhaque decente
Que cavanhaque sedoso
Que cavanhaque decente
Ele é o presidente
E é pai de muita gente
Ele é o presidente
E é pai de muita gente
É um caboclo ilibado
É um caboclo cutuba
É um caboclo ilibado
É um caboclo cutuba
Ele vem a capitá federá
Dentro de um comandatuba
Ele foi à capitá federá
Dentro de um comandatuba
Oia só, mulher, queridinho,
O Accioly é pai de toda gente
Seu Brigído não tem ninguém
A vida se faz com amor
Assim dizia, meu bem
Meu Deus, que homem valente
Que cabeça ilustrada
Meu Deus, que homem valente
Que cabeça ilustrada
É um grande presidente,
Mas também que filharada
É um grande presidente,
Mas também que filharada
Se ele fosse sustentar
Em filharada o povão
Garanto que não ganhava
Nem para lhe dar o feijão
(Fala)
Não dava pro feijão pra aquilo tudo, meu Deus,
O Ceará é grande, é uma filharada, é sobrinho, é parente, é tio, é avó.
“Discurso pronunciado por um Deputado indignado com esse negócio de eleição.
- Tem a palavra o nobre Deputado.
- Obrigado, sr. Presidente e nobre colega, todas as sessões daqui tem sido tumultuosas. E eu desejava que essa de hoje fosse mais calma.
(Bravos, apoiado...).
- Como calma se é V. Excia. é quem faz todo o barulho?
- Perdão, colega. Eu não tenho rei na barriga, nem a sogra me corta as calças.
(Apoiado.... )
- Como julga ter V. Excia.
(Bravo, muito bem).
- Sr. Presidente mande o colega tirar o chapéu da cabeça e retirar a frase.
- Não retiro frase, nem tiro o chapéu da cabeça. Quando estou nesse tal circo de cavalinhos, tenho por norma estar à minha vontade.
(Muito bem, apoiado).
- Mas meu amigo isto aqui não é casa da sogra.
- Sr. Presidente, V. Excia. não pode estar se pronunciando assim dessa forma, respeite ao menos o decoro da casa.
- Qual decoro, qual nada. Já disse e afirmo: isto aqui não é mais do que um circo de cavalinhos!
- Protesto, protesto, já disse.
- Se isso é circo de cavalinhos, V. Excia. é o palhaço.
- Palhaço é V. Excia, que quando fala provoca riso constante das galerias.
- Sr. Presidente, V. Excia. contenha esta linguagem do pernóstico deputado.
- Pernóstico é V. Excia., que pensa dizer alguma coisa quando fala e, no entanto, só diz asneira.
- Sr. Presidente, confirmo o que disse: isto aqui é um circo de cavalinhos. Onde está a vontade de entregar o falido? Num circo de cavalinhos, a ordem é ver.
- Isto aqui anda uma anarquia medonha e para provar esta anarquia, vou ao som do violão cantar estas estrofes.
Nesse tempo de progresso
Onde tudo causa efeito
Estou aqui neste Congresso
Nada pode andar direito
Tudo berra, tudo grita,
Eles fazem arrelia
Parecendo até ser fita
De cinematografia.
Ninguém cuida do país,
Muitos deles faz reclame
No entanto a gente diz
Que avança no arame (bis)
E para mais convicção, de vencer avançar no arame
como meus nobres colegas, concluo, está ouvindo.
Em se cavando
Passa toda humanidade
Só não cava quem não pode
Por não ter habilidade. (bis)
E quem é que não dá pra esse negócio de deputado?
É uma mamata
A Nação é uma vaca
E os deputados são os bezerros
Que andam mamando na teta.
(Apoiado, muito bem...).
Iaiá, me deixe subir esta ladeira Que eu sou do grupo do pega na chaleira.
Quem vem de lá, Bela Iaiá, Ó abre alas Que eu quero passar.
Sou Democrata, Águia de Prata, Vem cá mulata Que me faz chorar.
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Letra de “No bico da chaleira”, de Eustórgio Wanderley. “Menina eu quero só por brincadeira / Pegar no bico da sua chaleira / Ela está quente e se você segura / Fica com uma grande queimadura. / É moda agora e eu justifico / (Com que eu implico) / Pegar no bico de uma chaleira / Muita senhora nos engrossando / Leva pegando a vida inteira. / Se você vai apertar-me no bico / Não imagina como eu logo fico / Não, eu seguro assim desta maneira / Lá no biquinho da sua chaleira. /Agora é moda / Com o que eu implico / Pegar no bico / De uma chaleira / Moço da roda / É gente fina / Tem esta sina / A vida inteira / Ai, se eu consigo pegar de bom jeito / Você vai ver como eu pego direito / Sem ser no bico / Quer pegar na asa? / Talvez consinta, passa lá em casa. / Vamos depressa tomar um chazinho / Enquanto esquenta mais que um tempinho / Ela também está como eu fico / Quando um chazinho toma-se no bico”.
Letra de “Pega na chaleira”, de Eduardo das Neves : “Neste século de progresso / Nesta terra interesseira / Tem feito grande sucesso / O tal “pega na chaleira” / Pega o padre, o sacristão, há, há, há / E esse ao seu vigário / E o vigário pega o há, há / Tudo pega na chaleira./ Padre moço que só fala na missa e no breviário / Quer subir está pegando na chaleira do vigário / Bispo que anda a correr mundo que acredita num ideal / Pega a chaleira no fundo pro cardeal / Tudo pega na chaleira / Do bispo ao sacristão / Vigário que a lei sagrada sustenta em boa tese / Ta pegando na chaleira do bispo da diocese / O homem mais potente / Pega também o soldado na chaleira do tenente/ há, há, há / Tudo pega na chaleira”.