Senhoras e senhores,
Alvarenga e Ranchinho, a maior dupla do broadcasting brasileiro, acaba de chegar a Hollywood. Rodeados por alguns dos astros do cinema norte-americano, os campeões do folclore brasileiro conversam nesse momento com Loretta Young e Tyrone Power. Ei, que é isso? Não se assustem? É simplesmente Joan Crawford que os vem felicitar. Eu confesso que se estivesse no lugar dele teria desmaiado diante de uma beleza como essa. E agora Mr. Clark Gable ocupa o microfone para felicitar o recém-chegado:
- Hello everybody!
- Boa tarde!
- What do you say nowadays (..........)?
- Nós pode cantar...
- Yes, what do you sing now?
- Vamo cantar, ele tá pedindo.
- Vambora.
Começamo essa moda com o nosso presidente
Que é o homem que fez um novo Brasil pra gente
Outro presidente bom é o Senhor Rusenfér
Pois todo mundo fala que ele cumpre o seu papé
(Oh, guys! Brazil is very beautiful)
Seu Hitlá bigodinho pensa que tudo é seu
Se uma coisa é dos outros, ele vai dizendo é meu
Mas apesar disso tudo ele não é um homem ateu
É muito religioso, pois não gosta de judeu
O presidente da Rússia me disseram que é ruim
As bondade que ele faz é uma bondade ansim
Se um homem é criminoso e confessa que é sim
Ele manda dá um tirinho e dá no coitado um fim
Seu Benito Mussolini é um homem valentão
Ele nunca teve medo, nem do ronco do canhão
Brigou com o “sei lá si é” (Selassié) e tomou o seu torrão
Não tem medo de ninguém num prato de macarrão
(Oh, macarron! I like it! Very good!)
Eu tenho visto falar muito bem de Portugar
Diz que lá é uma beleza, que não há no mundo iguar
O povo vive contente e não cansa de gritar:
Nós tem que agradecer ao Carmona e ao “sai ... azar” (Salazar)
- Cumpadre?
- Quê?
- Vamo falá também, nóis da guerra um pouco?
- É, mas nós não pode falá mar.
- Mas nóis vai só falá bem
- É...
- Sapeca aí, sô!
A guerra tá lá na Oropa
E inté nóis tá atrapaiando
Que já bole inté na ropa
Do jeito que tá aumentando
Os home que têm negócio
Agora tão porveitando.
- Êh, Êh, é isso mermo, sô!
- É ...
Fiquei um dia inteirinho
Prestando beservação
(........) como hoje em dia
Nessa grande cavação
Agora vô contar tudo
No correr desse rojão
- Intão, vamu falá
- É ...
Tava na porta da venda
E vi chegá um intaliano
Com o preço do macarrão
Saiu logo esconjurando
Comprou uma pastachuta,
Porca a pipa e porca o cano
- Eh, Eh, Eh, Eh
- Ara, vejam só
Logo veio o português
Pra comprar seu bacalhau
Quando o home disse o preço
Ele inté curô do mal
Si essa guerra cá estivesse
Acabava com ela a pau
- Ara, veja só!
- Só a pau, mermo!
- Pois é!
Fui na loja do Bedula,
Ele deu sua sentença
Essa guerra do diabo
Tá esquentando a concorrência
Pra sarvar meu dinheirinho,
Vou dar mais uma falência
- Ô sentença boa, sô!
- Veja só!
Vi um pinguero na sarjeta
Bebendo que nem bugio
Preguntei o que era aquilo
Ele olhou pra mim e se riu
A pinga lembrô da guerra
E na cabeça me subiu
- É só discurpa dele, compadre!
- É ... veiaco!
Com a descurpa da guerra,
Tudo sobe sem parar
Lá na Oropa o canhão berra
E nóis tem que aguentar
Mesmo assim na nossa terra
Tá bem meior do que lá
- Ah, isso tá, mermo
- É ...
- Agora vamo falá de nóis, agora
Nóis também semo guerreiro,
Nóis também sabe lutá
As nossa arma de guerra
Pra mecêis eu vou conta
É confete e serpentina,
E a guerra é o carnavá.
Nós vivemos no melhor pedaço da terra
Calma no Brasil, que a Europa está em guerra
(bis)
Neste Brasil é bem pacata a mocidade
Não anda armada, nem sequer de canivete
Enquanto os outros têm batalhas de verdade
Nossas batalhas são batalhas de confete
E não nos digam que nós somos teóricos
Pois ao contrario, somos muito práticos
Nós combatemos com os carros alegóricos
Fenianos, Tenentes, Democráticos
Nós vivemos no melhor pedaço da terra
Calma no Brasil, que a Europa está em guerra. (bis)