É Lampa, é Lampa,
É Lampa, é Virgulino, Lampião
É Lampa, é Lampa, é Lampa,
É Lampa, é Lampa, é Lampião,
É o bicho no cangaço,
Interventô lá no sertão (bis)
Conheço Virgulino,
Por alcunha Lampião,
Desde o tempo de menino,
Quando usava camisão.
Sendo o mesmo cara ôio (caolho),
Nunca deu um tiro errado
Até dá mais com um só ôio Que a gente com um punhado.
É Lampa, é Lampa, é Lampa...
Esse ômi fez o cão
Com uma fia de Liotero
Vestiu ela de Adão
Pra casar no cemitério
Se casa o descarado Inda houve coisa grave
Lampião ficou danado
Com o processo descasado
É Lampa, é Lampa, é Lampa...
Ainda no mês passado
No sertão de Pernambuco
Ele prendeu tanto soldado Que quase fica maluco.
Tenente Samambaia
Deu o nome de Aída
Falou que me visto saia Pra poder sair com vida.
É Lampa, é Lampa, é Lampa...
Ele tem carro blindado,
Muito tiro de espoleta.
Tem mais de três mil soldado
Pra ele ninguém se meta
Armamento tá sobrando,
Quem lhe leva é seu Felipe
Diz que tá se preparando
Para dar combate à gripe.
É Lampa, é Lampa, é Lampa...
A muié dele é muito boa,
Mas as vezes se zangando
A peste da Lampioa
É uma cobra fumando
Ela diz sempre surrindo,
Vocês queiram acreditá
Lampião termina vindo
No Distrito Federá.
É Lampa, é Lampa, é Lampa ...
Ai, Nega Maria! Ai, Maria Fulô!
Olha a minha plataforma se algum dia
Eu chego a ser governador
(bis)
Pra secretário, eu nomeava meu compadre
Que não gosta de maldade, a gente pode confiar
No meu governo, esse homem de nobreza
Só fazia umas defesas, mas defesa é naturá
Ai, Nega Maria ...
Na prefeitura, eu botava meu papai
Que já tá véio demais módi di na coisa pegar
E quanto à verba, eu garanto a voismicêis
Que no fim do quinto mês ela ia aumentar
Ai, Nega Maria ...
Meu irirmão pru sê moço de talento
Punha no Saninhamento, cumissão especiá,
O tá disposto naturá pra batê close
E bancando muita pose tudo ia sanear
Ai, Nega Maria ...
Lá no Tesouro, por causa de uns estrago
Botava meu primo gago, somente pra tapiar
Esse meu primo tinha órdi do Estado
Pru dinheiro ser sacado em meu nome pessoá
Ai, Nega Maria ...
Meu afilhado era chefe de polícia
E comandante da milícia era um fio de honrá
O meu cunhado ia ser o meu prefeito
Pois o cabra tem um jeito danado pra governá
Ai, Nega Maria ...
Eis minha plataforma toda cheia de grandeza
Que acabava com a pobreza e tudo ia endireitá
E quanto à fome que com todo mundo arrasa
Pelo menos lá em casa ela ia se acabá.
Houve tanto rebuliço
No território brasileiro
Houve tanta novidade
Que até eu fiquei banzeiro
O fósforo a duzentão,
Selaram tudos isqueiros
Descobriram uma santa
Lá na vila dos Coqueiro
Lá na vila dos Coqueiro
O câmbio desceu a dois,
Não há meio de subir
O estado de São Paulo,
Pois não quer mais progredir
A crise gostô do clima
E veio morar aqui
E a miséria anda passeando
Por todo nosso Brasir,
Por todo nosso Brasir.
O que sustenta o Brasir, ai,
É São Paulo, isto é,
O que sustenta São Paulo
É a lavoura de café
Se o café não tem mais preço,
Nem dado ninguém não quer
É que nós vai caminhando
Numa bruta marcha a ré,
Numa bruta marcha a ré
Ao menos que vortasse
Aquele tempinho bom
Tempinho de Constituinte,
Tempinho de eleição
Quem não tinha nada pra vender,
Nem café nem algodão,
Ia prometer um voto
E recebia cinquentão.
E recebia cinquentão
O povo está descontente,
Tem gente que grita e berra
Põe a culpa no governo,
Nesse ponto o povo erra,
O culpado não é o governo,
Nem a revolução e nem a guerra
É Pedro Álvares Cabral
Que descobriu, ai, essa terra
Descobriu, ai, essa terra.