Autores: Marcelo D2 e Ulisses Capelletti. Intérprete: Planet Hemp. Gravadora: Sony Music. CD: Os cães ladram mas a caravana não para.
Mão na cabeça, assalto? Não, é a polícia
Mas dá no mesmo se você não tem um pingo de malícia
São pagos pra proteger, mas te tratam como ladrão
Quem é que vão proteger, então
Bala perdida pra você não é nada
Só mais uma mancha de sangue no meio da calçada
Se acham donos da lei mas essa lei tá errada
Enquanto não modificarem tô na parada
Porque na minha cabeça essa carapuça não cabe
Então DJ Zé Gonzales, balança as pick-ups
Eu sei e todo mundo sabe o que eles pretendem
Querem tirar a fumaça e botar uma bala na mente
Vou te falar qualé da parada errada
Eu ouço bang-bang e não vou fazer nada?
Porque se tá bom pra tu, tem alguma coisa errada
Pra mim não tá bom, e a mente não fica parada
Se o traficante é o problema, por que não legaliza?
Na minha mente a solução, na sua só capitaliza
O safado aqui é quem fuma maconha
Vigário Geral, Candelária que te envergonha
A cidade é maravilhosa, só precisa de proteção
Chega de semente podre na minha plantação
O 12 é o 16, o 16 são vocês
Fica a pergunta mermão, quem é que trafica as leis?
Mermo sem nada em cima, te tiram pra mané
Não foram com a tua cara vão querer um qualquer
190 é telefone na agenda de X9
Então preste atenção e vê com quem se envolve
Assim que é
Sem proceder não para em pé
Realidade é muito triste
Mas é no subúrbio sujismundo
Submundo que persiste o crime
Pegar o trem é arriscado
Trabalhador não tem escolha
Então enfrenta aquele trem lotado
Não se sabe quem é quem, é assim
Pode ser ladrão ou não
Tudo bem se for pra mim
Se for polícia fique esperto, Zé
Pois a lei dá cobertura pra ele
Te socar, se quiser
O cheiro é mal de ponta a ponta
Mas assim mesmo normalmente
O que predomina é a maconha
E aos milhares de todos os tipos
De manhã, na neurose
Como que pode ter um dia lindo
Portas abertas mesmo correndo
Lotado até o teto sempre está
Meu irmão vai vendo
Não dá pra aguentar, sim
É o trem que é assim, já estive, eu sei, já estive
Muita atenção, essa é a verdade
Subúrbio pra morrer, vou dizer: é mole
Subúrbio para morrer, vou dizer (é mole)
E agora se liga, você pode crer (é pra gravar, tá?)
Todo cuidado não basta porque (é só um toque)
Subúrbio para morrer, vou dizer (é mole)
Confira de perto, é bom conhecer (é pra gravar, tá?)
E agora se liga, você pode crer (é só um toque)
Todo cuidado não basta porque (é mole)
Subúrbio para morrer, vou dizer
Todos os dias mesma gente
É sempre andando, viajando
Surfando, mais à mais não teme
Vários malucos, movimento quente
Vários moleques pra vender
Vem comprar, é aqui que vende
Quem diz que é surfista, é
Então fica de pé, boto mó fé, assim que é
Se cair, vai pro saco
Me lembro de um irmão, troço chato
Subia, descia por sobre o trem, sorria
Vinha da Barra Funda há dois anos todo dia
Em cima do trem com os manos surfistas
Assim chamados são popularmente
Se levantou e encostou naquele fio,
Tomou um choque
Mas tão forte que nem sentiu, foi às nuvens
Tá com Deus, mano Biro, sabe
Subúrbio pra morrer, vou dizer é mole
Subúrbio para morrer, vou dizer (é mole) ...
E eu peço a Oxalá e então
Sempre vai nos guardar
Dai-nos forças pra lutar, sei que vai precisar
No trem, meu bom, é assim, é o que é
Então centenas vão sentados e
Milhares vão em pé
E em todas as estações
Ali preste atenção nos PFs
O trem para, o povo entra e sai
Depois disso, o trem já se vai
Mas o que é isso? Esquisito
E várias vezes assisti
Trabalhador na porta tomando borrachadas
Marmitas amassadas, fardas, isso é lei?
Vejam vocês: são cães, só querem humilhar toda vez
Aconteceu o ano passado em Perus
Um maluco estava na paz, sem dever
Caminhava na linha sim, a uns cem metros
Dessa estação, preste atenção, repressão
Segundo testemunhas dali, ouvi
Foi na cara dura assassinado, pum, mas não foi divulgado
E ninguém está, não está, ninguém viu
As mortes na Estrada de Ferro Santos-Jundiaí
E ninguém tá nem aí, Osasco ou Itapevi,
Do Brás a Mogi ou Tamanduateí
É o trem que é assim, já estive, eu sei, já estive
Subúrbio pra morrer, vou dizer é mole
Subúrbio para morrer, vou dizer ...
Quando começo a pensar parece que vem o barulho na cabeça
Eu lembro dos manos que ficaram grudados nos fio
Que até hoje a indenização da ferroviária a família nunca viu
Ou senão dos mano que tem uma correria pra fazer
Precisa levar uma lata de leite todo dia de manhã
Cataram tudo sua mercadoria
E ainda se espanta? Mais no saldo desses filhos da puta dos PF
Aí mano, valeu?
Mas e aí! Ninguém tem peito de aço, não, mano
Você não é você, você é simplesmente isso
É sujo, é podre, é lixo
Tem mais, tem mais
Muito mais pra ouvir
Muita coisa louca pra sua cabeça oca
Que por omissão merece a forca
O nosso bate-boca é mesmo inevitável
É, ‘assassinos sociais’
Assassinato sem morte mostram a imundície dos seus atos
Brasileiros verdadeiros estão do lado contrário
Eu também te declaro adversário,
Falo, falo sério
Mas prepare-se
Se quem tem tem
Mas quem não tem quer ter também
Ou você pensou que iria ser tão fácil assim
Se livrar de mim, das promessas feitas ao meu povo enfim
Viver às custas da nossa grana
Mandar os descontentes em cana
Eu não fiz nada disso
Ora, cala sua boca profana
Sua moral não resiste a uma fita gravada
Seu forte: verbas desviadas
Contas fantasmas, acordos na calada
Paga alto por acusações abafadas
Sua única intenção: aumentar seu império
Acesso a privilégios
Matricular seus filhos nos melhores colégios
Ponte aérea com o Primeiro Mundo, conferências, reuniões
Muito papo, muito agito, não se vê soluções
Assassino em potencial, não usa cano ou punhal
Nunca deu coronhadas
Matou, matou, mas nunca esteve no local do crime
Usou a mão de vários irmãos manipulados, desinformados
Prejudicados por seu cérebro maníaco
Marginal diplomado, muito bem, deputado
Seu passaporte pro inferno está carimbado
Aprovado por aquele que no céu é rejeitado
E cujo nome não será citado
Se quem tem tem ...
E o povo está sempre distante
Das discussões mais importantes
Essa poderia ser uma das conversas que sempre rolam por aí
Doutor! Doutor! Um minutinho da sua atenção
Eu poderia falar com o senhor?
Ah, sinto muito, tô muito ocupado agora
Viu, tô indo pro Congresso, não dá não
Tô entendendo, papo com o povo você não quer, né, meu irmão
GOG, vamos logo com isso! Apaga logo esse bacana!
Cabeça fria, Japão, essa luta com atitude a gente ganha
Já conseguimos nosso espaço
Só nós sabemos como foram difíceis os primeiros passos
Por nossos traços, por nossos laços
Por nossas frases, denúncias graves
Da periferia vem a força que dará fim a esses trastes
Falo, falo sério, cumpadi! Prepare-se! Prepare-se!
Se quem tem tem ...