Autor: Tom Zé, Sérgio Molina e Alê Siqueira. Intérprete: Tom Zé. Gravadora: Trama. CD: Jogos de armar (Faça você mesmo).
Que dor, que dor Que suja a bandeira Oi, essa quebradeira Oi isquindô, lalá (2x)
Catorze, catorze anos Doze anos, doze anos
Catorze, catorze anos Doze anos, doze anos
Catorze, catorze anos Doze anos, doze anos (2x)
A prostituição infantil barata É a criança coitadinha do Nordeste Colaborando com o Produto Interno Bruto E esse produto enterra bruto
Que dor, que dor ...
Autores: Gabriel o Pensador e Liminha. Intérprete: Gabriel o Pensador. Gravadora: Sony Music. CD: Seja sempre você, mas não seja sempre o mesmo.
O Brasil proclamou sua independência, mas o filho do rei é que assumiu a gerência. O povo sem estudo não dá muito palpite, e a nossa república é só pra elite. (E quem faz greve o patrão ainda demite).
É pra rir ou pra chorar? O Brasil aboliu a escravidão, mas o negro da senzala foi direto pra favela. Virou um homem livre e foi pra prisão. Só que a tal da liberdade não entrou lá na cela. (E a discriminação ainda é verde e amarela). É pra rir ou pra chorar? O Brasil foi parar na mão dos militares, que calaram o povo no tempo da ditadura. Torturaram e prenderam e mataram milhares, mas ninguém foi condenado pelos crimes de tortura. (E tem até torturador lançando candidatura). É pra rir ou pra chorar? O Brasil conseguiu as eleições diretas, mas a gente que vota ainda é semianalfabeta. O Collor foi eleito e roubou até cansar. O povo deu um jeito de cassar o marajá. Mas ele não foi preso e falou que vai voltar! É pra rir ou pra chorar? O Brasil tem mais terra do que a China tem chinês, mas a terra tá na mão dos grandes latifundiários. A reforma agrária, ninguém ainda fez. Ainda bem que os sem terra não são otários. (E tudo que eles querem é direito a ter trabalho). É pra rir ou pra chorar? O Brasil tem miséria mas tem muito dinheiro, na mão de meia dúzia, no banco suíço. O rico sobe na vida feito estrangeiro, e o pobre só sobe no elevador de serviço. (E você aí fingindo que não tem nada com isso?)
É pra rir ou pra chorar?
O Brasil tem um povo gigante por natureza que às vezes não percebe o tamanho dessa grandeza. Sempre solidário no azar ou na sorte, um povo generoso, criativo e risonho. Poderoso, e tem um coração batendo forte que põe fé no futuro do mesmo jeito que eu ponho. E vai ter que ser independência ou morte. Um por todos, e todos por um sonho.
É pra rir ou pra chorar? É pra rir ou pra voltar? Pra seguir ou pra parar? Pra cair ou levantar? É pra rir ou pra chorar? Pra sair ou pra ficar? Pra ouvi ou pra falar? Pra dormir ou pra sonhar? É pra ver ou pra mostrar? Aplaudir ou protestar? Construir ou derrubar? Repetir ou transformar? É pra rir ou pra chorar? Pra se unir ou separar? Agredir ou agradar? Pra torcer ou pra jogar? Pra fazer ou pra comprar? Pra vender ou pra alugar? Pra jogar pra perder ou pra ganhar? Dividir ou endividar? Dividir ou individualizar? É pra rir ou pra chorar?!
Brasileiros, filhos da pátria amada
A balança da justiça está desequilibrada
A bandeira rasgada, o manto da impunidade
Eu pergunto o que seria a sociedade?
De um lado as mansões, o latifúndio, a renda
Do outro o trabalho infantil nas fazendas
Triste favela versus sistema feliz
E em meio ao tiroteio o Brasil segue infeliz
Terno, gravata, anel de formatura
Entra ano e sai ano mantendo a estrutura
Nossa vida reduzida a nada
Depois da rajada o corpo de dezoito na calçada
O ciclo vicioso da ambição
Gira a engrenagem da autodestruição
Liga o botão acionando a violência
É o homem usando e abusando da indecência
O sistema é sanguinário e trabalha noite e dia
Como roda de morte impedindo a alegria
Promovendo as drogas adiando a vida
Deturpando o pensamento mentes poluídas
Desde o início gerou feridas, açoites, mazelas
Criou senzalas, becos, vielas, favelas
O culpado comprovado não admite o crime
E friamente segue seu regime
Imagem distorcida na tela
Tragédias transformadas nas cenas mais belas
A lei já não sei pra que se fez
É ela ali atropelada mais uma vez
Brasileiros filhos da pátria amada
Retribuídos com porradas e mais porradas
É hora de tomar o controle e ser feliz
Separar a filial da matriz
Brasil, país infeliz
Quem sonha em ser feliz
Acorda e desacorda
Do que o sistema diz
Pare e analise
Raciocine friamente
Brasileiros filhos da pátria amada
A balança da justiça está desequilibrada
A bandeira rasgada o manto da impunidade
Eu pergunto: o que seria a sociedade?
O que seria a sociedade?
Em meio a mísseis, bombas, ogivas nucleares
Periferia segue com seus males
Mas apesar dos pesares nunca pensou
Em mandar o mundo pelos ares
Apesar do dia-a-dia sufocante em seus lares
Das mágoas, tragédias, dos bares
É, é o pesar entre os pesares
É preciso ser sensível e ter ideia de rua
Saber a hora de atacar ou ficar na sua
Separar colegas, amigos e sócios
Proceder sempre será um grande negócio
A cada segundo que passa
Mais vidas perdidas
Há dez minutos atrás
Um corpo caído era uma vida
Calma
O trauma te pega de assalto
Supere o lado mais fraco
Pra ficar a salvo quem é feliz?
Quem é feliz me diz
Porque não passa adiante
A fórmula pra ser feliz
Gaguejou, se atrapalhou
Se enganou, confundiu o egoísmo e o amor
Eu não sou professor nem sou formado
Entre o certo e o errado, escolha o seu lado
E lembre-se que bem pior que ficar sozinho
É estar na companhia dos espinhos
Meu grupo, meu resgate uma ideia, uma letra
Oposição ao regime que só alimenta treta
Vai na fé, eu fico aqui
Vai na fé te encontro por aí
Quadrilha de informação
Brasil, país infeliz ...