Autor: Sérgio Ricardo. Intérpretes: Sérgio Ricardo com Piri, Fred, Cássio, Franklin e Paulinho de Camafeu. Gravadora: Continental. LP: Piri, Fred, Cássio, Franklin e Paulinho de Camafeu com Sérgio Ricardo.
Vou renovar
Sou um cantador da classe média
E trago por satisfação
Cantar para o ser humano
Que me ouve com atenção
Do que eu vejo todo dia
Faço verso e melodia
Pra poder ganhar meu pão
Vou renovar
Canto para a classe A
Canto para a classe B
Cantoria popular
Que não é nem A nem B
Cuja fonte está no povo
Onde eu vou buscar o novo
E aprender meu B-A-BÁ
Vou renovar
Porque é que eu fui classificar
Já está dando uma embolada
Eu me embolei no A com B
Me embolei no B com A
Mas me diga onde é que está
A classe do A sem B
E a classe do B sem A
Não me diga que ela é C
Porque C é comunista
E vai dar muito na vista
E os homens vão te apanhar
Vou renovar
No rompante da embolada
Deu-se a classificação
Mas vou me livrar do fato
Concluindo a falação
Pra ficar tudo onde está
Eu não me chamo Benedito
E fica o dito por não dito
E o dito por não falar
Autores: João Mossoró e Gebardo Moreira. Intérpretes: Trio Mossoró. Gravadora: Som / Continental. LP: Praça dos seresteiros.
Concreto e aço por sobre o azul do mar
Rio e Guanabara já podem se abraçar
A Praia do Flamengo vai até Icaraí
Niterói agora chega pelo alto até aqui
Ainda pouco eu vim de lá
Ainda pouco eu vim de lá
Das barcaças tão somente
A saudade vai ficar
A distância agora é um verso
A rimar concreto e mar
Eu ando caminhando pela aí
Procurando uma região sem dono
Local do qual me sinta proprietário
Usuário do que dele eu extrair
Tomaram palmo a palmo quase tudo
Absurdo, eu não consigo acreditar
Conquistarei um dia o meu lugar?
Preciso tanto recomeçar
Onde eu piso, dizem: isso não é seu!
Não é seu!
Tanta coisa boa eu deixo de fazer
De fazer
Quantos outros caminhantes como eu
Sonham tanto um paraíso pra viver?
Eu vi milhões de arames grossos e farpados
Já cansado, sobre a areia então chorei
Ali, gigantes blocos de concreto
Com seus tetos sobrepostos, levantei
O sol rachou meu violão de lado
Mas sou calado, não costumo me grilar
Até o Céu se encontra dividido
Seus antigos astros buscam seu lugar
E onde eu piso, dizem: isso não é seu!
Não é seu!
Tanta coisa boa eu deixo de fazer
De fazer
Grande parte de caminhantes já morreu
Sem o nosso pobre mundo compreender