Autores: Marcelo Nova e Robério Santana. Intérprete: Camisa de Vênus. Gravadora: WEA. LP: Duplo Sentido.
- Ninguém segura esse país!
Aqui não tem problema
Só se você quiser
Este é o país do futuro
Tenha esperança e fé
Todo dia lhe oferecem
Sempre o melhor negócio
Vão levar a sua grana
Vão lhe chamar de sócio
Vai ficar tudo bem
Acredite em mim, meu filho
A gente aumenta o seu salário
Dispara o gatilho
Aí, pra que você não reclame
E também pra que não esqueça
Dispararam o tal do gatilho
Em cima da sua cabeça
Nós vamos outra vez
Pro fundo do buraco
Você não tem vergonha
E eu já não tenho saco
Estamos outra vez
No fundo do buraco
Você não tem vergonha
E eu já não tenho saco
No peito um crachá
Na boca um sanduiche misto
Muito pouco aqui pro bolso
Mas muita fé em Jesus Cristo
Quem sabe ele se zanga
Desce lá do Corcovado
Passa o cajado nessa corja
Deus também fica arretado
Mas enquanto ele não vem
Não vou ficar parado
Segure a onda, meu irmão
Que eu já tô injuriado
Se você não me respeita
Vou radicalizar
Meto a mão em seu focinho
Eu tô cansado de apanhar
Nós vamos outra vez ...
- Cuidado com a picareta! É aí, Morengueira, os bandidos tão atirandopra tudo que é lado, meu irmão.Sai de baixo!Mas minha conta na Suíça tá uma beleza,tá engordando, há, há.
Autor: Ivanildo Vilanova e Severino Feitosa. Intérpretes: Idem. Gravadora: Sertanejo/Chantecler. LP: Cantadores de Hoje.
Quem é pobre não pode mais viver
Nesta época de crise tão ingrata
Se calar-se com fome, a fome mata
Se falar, é pior o que vai sofrer
Por passar muito tempo sem comer
Vai criando ferrugem até na presa
Não conhece o que é batata inglesa,
Beterraba, cenoura nem fermento
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
O pobre, apesar de ser cristão,
Ninguém vê com bons olhos nem na missa
Sem direito, sem voz e sem justiça
O ser pobre é um crime sem perdão
Só é visto na época de eleição
O político lhe usando por defesa
Para trocar o seu voto, com certeza
Por almoço ou um quilo de cimento
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
Quem é pobre não tem educandário
Sua casa é mocambo ou palafita
Mesmo a vida do pobre só imita
Aos tormentos de Cristo no calvário
Quando arruma um emprego, seu salário
É sujeito aos caprichos da empresa
Só a mão da divina natureza
É quem pode acabar seu sofrimento
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
Vi um pobre dizer na avenida
“Já não sei nesse mundo o que mais faça”
Se pedir, a polícia me ameaça
Se roubar, um mão branca me liquida
Inda tinha alegria em minha vida
Com um rádio de pilha em minha mesa
Este mesmo calou-se – que tristeza!
Eu não pude comprar mais elementos
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
A pobreza não pode gargalhar
Achar graça com nada nesta vida
Porque vive tristonha e oprimida
No trabalho, na rua e no seu lar
Nem querendo ela pode acompanhar
O cardápio grã-fino da riqueza
Quando come algum bife à milanesa
É tirado de carne de jumento
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
Todo pobre no mundo passa mal
Em império, república e ditadura
Autarquia, governo e prefeitura
Ninguém dá-lhe assistência social
E no dia em que baixa ao hospital
Não tem trato, conforto nem limpeza
Não podendo aguentar com a despesa
Vai direto ao cordão de isolamento
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
É o pobre manjado no serviço
A polícia o mantém no seu caderno
Para festa não vai que não tem terno
E no clube é sem vez por ser disterço
Reside no morro, num cortiço
Onde a lâmpada é a simples vela acesa
Lixo e lama por toda a redondeza
De ver tanta miséria eu não aguento
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
Quando o pobre padece a gente fala
“Seu lençol é a banda de uma estopa
Um gancho de pau, seu guarda roupa
Um caixão de sabão, a sua mala
Coletivo apertado é seu opala
Seu calçado é sandália japonesa
Tendo cólica, sezão, fome e fraqueza
Chá de boldo é o seu medicamento
Se caísse uma chuva de alimento,
Não enchia a panela da pobreza
Autores: Tonico, Capitão Furtado e Sílvio Toledo. Intérpretes: Tonico e Tinoco. Gravadora: Caboclo/Continental. LP: Luar do sertão.
Caboclo que luta, que prega o machado No mato cerrado e faz plantação O bão fazendeiro é sempre o primeiro Ajuda o roceiro no seu mutirão.
Soldado sem farda Que ajuda a nação Brasil para frente Pra frente sertão (2x)
Também o operário que muito trabalha Travando batalha no seu ganha pão Vai sempre marchando na vida lutando Alegre cantando a sua canção.
Soldado sem farda ..
O nosso estudante, exemplo de glória, Semeia vitória e civilização O nosso governo com fé e pujança
Nos dá segurança de paz e união.
Soldado sem farda ..