Autores: Beija Flor e Agápito. Intérprete: Canavieiras e canavieiros. Gravação especial do Museu Nacional do Rio de Janeiro. CD: Lutando e cantando – música e política dos trabalhadores rurais de Pernambuco (2007).
Vamos companheiro, vamos lutar
A vitória é nossa, vamos conquistar (bis)
Dê a mão ao seu companheiro
Vamos juntos a luta abraçar
Como prova de amor verdadeiro
Defender os direitos sem parar
Vamos companheiro, vamos lutar ...
O que se ganha não dá nem pra comer
A carne, o feijão e o fubá
Como é que a gente vai viver
Sem salário e sem terra pra plantar
Vamos companheiro, vamos lutar ...
Eu não sei porque tanta carestia
Que o salário que a gente ganha não dá
As coisas tão subindo todo dia
E o salário não pode acompanhar
Vamos companheiro, vamos lutar ...
Ninguém pode viver sem ter dinheiro
Porque tudo a gente tem de comprar
A carestia tá matando o brasileiro
E o governo ainda manda poupar
Vamos companheiro, vamos lutar ...
Vamos lutar pra ganhar o pão da vida
A vida é nossa, temos que zelar
A luta e a união é a saída
Para a miséria e a fome se acabar
Vamos companheiro, vamos lutar ...
Tanta gente sem terra e sem comida
E sem ter uma casa pra morar
Sem emprego, mendiga o pão da vida
Mas um dia isso tudo vai mudar
Vamos companheiras, vamos lutar
A vitória é nossa, vamos conquistar
Autores: Sirlan e Murilo Antunes. Intérprete: Sirlan. Gravadora: Som Livre. LP: VII Festival Internacional da Canção Popular – As 12 finalistas – Fase Nacional.
Esse meu sangue fervendo de amor
Aterrissam falcões, onde estou?
Carabinas, sorriso, onde estou?
Um compromisso, a sirene chamou
Duplicatas, meu senso de humor
Se perdeu na cidade onde estou.
Viva Zapátria,
Saudou esse meu senhor
Beijos, abraços,
Ano um chegou
Salve Zapátria, ê,
Viva Zapátria, ê
Esta cidade foi uma herança só.
Viva Zapátria, saudando o senhor
Horizonte aberto, onde estou?
Esta América mãe, onde estou?
Do fundão da Ceilândia
Mais precisamente da Expansão do Setor O
Onde tiros, tiras, pó
Misturados dão um problema só
É de onde veio seu irmão Japão
Acreditando que a mente é a mais farta munição
Reféns da miséria, não
Essa sina pro meu povo, não (então)
Injustiças, ira, meu sangue sobe
Dia a dia esse jogo não há quem não jogue
Dino Black Mano Mix toca discos
Completando o time meu chegado GOG
Haha, acionaram de novo o gatilho
E o barulho ouvido deixou um pai sem seu filho
Ou um filho sem pai
A ordem dos fatores aqui tanto faz
Matemática na prática
Subtração feita de forma trágica
Onde a divisão é o resultado
E a adição são os problemas multiplicados
Conduzindo um ao cemitério, outro ao submundo
Minha voz é forte, sincera
Minha casa minha quebra considerada Riacho Fundo
GOG, chega ai sou da Ceí
E eu Riacho Fundo enfim
Todos da periferia juntos
Moleque, eu disse juntos
É serio
Todas as noite quando acordo olho o telhado do barraco
E junto as orações que faço
Imagino se o futuro fosse hoje
Seria complicado
Muito complicado
Minha mulher na beira do fogão, só cansaço
Meu filho, um moleque sem espaço
Eu a um passo do fracasso
Com um salário que se colocado no papel (ladrão)
Mal daria a cesta básica e o aluguel
Causa arrepios
Tudo isto é uma cadeia, uma grande teia, prepara a fuga
Sou meu próprio carcereiro e a chave minha conduta
Caneta e papel na mão sai o rascunho
O raciocínio comanda meu punho
Cenas fortes, sem cortes, sou testemunho
A matemática na prática é sádica
Reduziu meu povo a um zero à esquerda, mais nada
Uma equação complicadaonde a igualdade é desprezada
(A seguir cenas que nada tem a ver com conto de fadas)
Seu pai faxineiro lava banheiros
Salário mais gorjeta de terceiros
De quebra faz um bico revendendo jogos
Feitos numa lotérica
Sua mãe com mais de sessenta
Ainda trabalha de doméstica
E assim se completa a renda da família
Dois salários mais gorjeta, bico, aposentadoria
Somando tudo dá a certeza de lutar por melhores dias
É, sua velha anda cansada
A perna inchada cheia de varizes
Que dificultam a circulação sanguínea
Um braço forte lava, passa
Há mais de quinze anos sem carteira assinada
Alegria da criançada
Cozinha que é uma maravilha
Na casa do patrão, ela é a Dona Maria
Até hoje esquecem o nome dela
E Maria é como eles chamam a maioria
Uma velha que traz no coração duas feridas
Um filho aprontando e uma filha trabalhando
Em um puteiro de quinta categoria
Periferia é periferia
Relatos dramáticos, desejos trágicos
Meios violentos os mais usados
E o tão sonhado 100 por cento longe de se atingido
Traduzindo, eu disse traduzindo
Ontem pipocaram seu vizinho, roubaram sua mãe
Cena digna de cinema, desafio a lógica
O corpo ali, ham,sua velha sem poder reagir
Parecia querer desistir, mas filhos, netos
A fizeram prosseguir, já disse, vou repetir
Cara, acorda, olha nosso povo aqui
Nessa UTI
Louco pra sobreviver precisando de você, hein
Cadê você
Só bebe, fuma, injeta, não conversa
Qualquer ingrisia aperta
Apertou jogou deixou pra você tudo certo
A vida do outro na sua mão um objeto, e aí?
Mude seu conceito do que é ser esperto
Eram três pretos de favela nessa porra
Agora quatro
Se liga malandro no som pesado
Eram três pretos de favela, meu cumpadi
Agora quatro
Eram três pretos, meu cumpadi de favela
Agora quatro
Se liga malandro no som pesado
Eram três pretos de favela nessa porra
Agora quatro (4x)