Deus que me dê saúde
Que carnaval não vai faltar
Todo mundo tinha medo
De não haver carnaval
Mas a vitória foi nossa
E já está tudo legal
Eu andava tão tristinho
Sem vontade de sambar
Mas a vitória foi nossa
E eu agora vou me acabar.
Autor: Hélio Turco, Jurandir da Mangueira e Alvinho. Intérprete: Jamelão. Gravadora: BMG-Ariola. LP: “Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1A – Carnaval de 1988”.
O negro samba
Negro joga capoeira
Ele é o rei
Na verde e rosa da Mangueira
Será
Que já raiou a liberdade
Ou se foi tudo ilusão
Será
Que a Lei Áurea tão sonhada
Há tanto tempo imaginada
Não foi o fim da escravidão
Hoje dentro da realidade
Onde está a liberdade?
Onde está que ninguém viu?
Moço,
Não se esqueça que o negro também construiu
As riquezas do nosso Brasil
Pergunte ao Criador
Quem pintou esta aquarela
Livre do açoite da senzala
Preso na miséria da favela
Sonhei
Que Zumbi dos Palmares voltou
A tristeza do negro acabou
Foi uma nova redenção
Senhor
Eis a luta do bem contra o mal
Que tanto sangue derramou
Contra o preconceito racial
O negro samba ...
Para que quer você tanta fazenda
Se só usa uma calça e um paletó?
Se não quer me entregar ao menos venda
Um pedaço, um pedacinho só
E que falta lhe faz um grão de terra
Se você que é de tudo isso dono
Deixa o mato crescer
E deixa a terra sem proteção, assim ao abandono
Você ganhou de herança
o tamanho da pança
Tem tudo legalizado
Feito com muito coitado
Seu pai de quem herdou?
(Oôôôô)
Quem deixou pra seu avô?
(Oôôôô)
E o primeiro herdou de quem?
Ora de quem? De ninguém.