A mediocridade é um fato consumado Na sociedade onde o ar é depravado Marido rico, burguesão despreocupado, Que foi casado com mulher burra mas bela O filho dela é político ou tarado Caixinha, obrigado! A situação do Brasil vai muito mal; Qualquer ladrão é patente nacional; Um policial, quase sempre, é uma ilusão E a condução é artigo racionado. Porém, ladrão... isto tem pra todo o lado Caixinha, obrigado! O rock'n'roll nesta terra é uma doença, E o futebol é o ganha pão da imprensa Vença ou não vença, o Brasil é o maioral E até da bola, nós já temos general Que hoje é nome de estádio municipal Caixinha, nacional! A medicina está desacreditada Penicilina já é coisa superada Tem curandeiro nesta terra pra chuchu Rio de Janeiro tá pior que Tambaú E de outro lado, onde está o delegado Caixinha, obrigado! Dramalhão, reunião de deputado É palavrão, que só sai pra todo lado Se um deputado abre a boca, é um atentado E a mãe de alguém é quem sofre toda vez No fim do mês, cento e vinte de ordenado. Caixinha, obrigado!
Autor: Chico Buarque. Intérprete: MPB-4. Gravadora: Philips. LP: Quando o Carnaval Chegar – trilha sonora do Filme (1972).
Diz que deu, diz que Deus, Diz que Deus dará, Não vou duvidar, ó nega E se Deus não dá, Como é que vai ficar, ó nega?
Diz que deu, diz que dá, E se Deus negar, ó nega Eu vou me indignar e chega, Deus dará, Deus dará
Deus é um cara gozador, Adora brincadeira Pois pra me jogar no mundo, Tinha o mundo inteiro
Mas achou muito engraçado Me botar cabreiro Na barriga da miséria Nasci batuqueiro (brasileiro*)
Eu sou do Rio de Janeiro
Diz que deu, diz que Deus ...
Jesus Cristo ainda me paga, Um dia ainda me explica Como é que pôs no mundo Essa pobre coisica (titica*)
Vou correr o mundo afora, Dar uma canjica Que é pra ver se alguém se embala Ao ronco da cuíca
E aquele abraço pra quem fica
Diz que deu, diz que Deus ...
Deus me fez um cara fraco, Desdentado e feio Pele e osso simplesmente, Quase sem recheio
Mas se alguém me desafia E bota a mãe no meio Dou pernada a três por quatro E nem me despenteio
Que eu já tô de saco cheio
Diz que deu, diz que Deus ...
Deus me deu mão de veludo Pra fazer carícia Deus me deu muita saudade E muita preguiça
Deus me deu perna comprida E muita malícia Pra correr atrás de bola E fugir da polícia
Um dia ainda sou notícia
Diz que deu, diz que Deus...
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(*) palavras originais vetadas pela censura.
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Autor: Novelli e Chico Buarque. Intérprete: Chico Buarque. Gravadora: Polygram. Compacto duplo: Show de 1o de Maio.
Linha linha de montagem A cor a coragem Cora coração Abecê abecedário Ópera operário Pé no pé no chão Eu não sei bem o que seja Mas sei que seja o que será O que será que será que se veja Vai passar por lá Pensa pensa pensamento Tem sustém sustento Fé café com pão Com pão com pão companheiro Para paradeiro Mão irmão irmão Na mão, o ferro, a ferragem O elo, a montagem do motor E a gente dessa engrenagente Dessa engrenagente Dessa engrenagente Dessa engrenagente sai maior As cabeças levantadas Máquinas paradas Dia de pescar Pois quem toca o trem pra frente Também de repente Pode o trem parar Eu não sei bem o que seja Mas sei que seja o que será O que será que será que se veja Vai passar por lá Gente que conhece a prensa A brasa da fornalha O guincho do esmeril Gente que carrega a tralha Ai, essa tralha imensa Chamada Brasil Sambe sambe São Bernardo Sanca São Caetano Santa Santo André Dia-a-dia Diadema Quando for, me chame Pra tomar um mé